Getúlio Damado é o protagonista de uma das histórias artísticas mais belas de Santa Teresa. No bairro há 24 anos, ele começou a vida no local como vendedor ambulante, e hoje é uma das grandes referências no cenário cultural de Santa, tendo feito inclusive exposições na Europa.
Quem escuta isso pensa logo em um homem em um belo ateliê, com pincéis e recursos modernos os mais diversos. Mas aí é que está o engano: Getúlio é um homem simples, que pode ser encontrado com suas obras em baixo de uma árvore, ao lado de um bonde que dá o nome a seu “ateliê”, o Chamego Bonzolândia.
Nesta unidade de trabalho ele utiliza materiais recicláveis para construir peças surpreendentes, como bonecas, relógios e trenzinhos, que encantam crianças e adultos. São latinhas, garrafas pet, frascos diversos, tudo para ele pode ser fonte de inspiração.
Desta forma criativa o artesão sustenta seus dois filhos, que foram abandonados pela mãe quando ainda crianças. E mantém, mesmo em meio a tantas dificuldades, o bom-humor e a disposição para o trabalho, produzindo suas peças diariamente, sem parar. Durante a entrevista, inclusive, nossa conversa foi interrompida várias vezes, por pessoas que chegavam encomendando peças ao artista.
“Esse povo me recebeu muito bem. É uma comunidade que valoriza o artista, que precisa vender sua obra. Os turistas ajudam, mas o que me segura mesmo é o pessoal do bairro. Eles trazem o material necessário, fazem a encomenda e eu entrego em poucos dias”, comentou animado o artista, com orgulho de sua freguesia.
Quando abordado sobre sua relação com o bairro Santa Teresa, Getúlio responde sem pestanejar: “Esse lugar tem uma aura romântica e pra mim viver aqui é tudo. Minha parte cultural começou aqui, esse espaço foi fundamental para minha vida”.
E nesse bonde diário segue Getúlio, produzindo peças de grande criatividade, que tornam ainda mais colorido o bairro de Santa Teresa.
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