O clássico de Glauber Rocha ganha remontagem de atores da Unirio, com características capazes de agradar gregos e troianos
Atores da Cia. Provisória caracterizados para a peça: cenário de figurino dão clima perfeito de Nordeste
Sempre que vou assistir uma peça ou um filme penso na mensagem que isso pode me passar. Não que eu esteja sempre procurando um filme ‘cabeça’ ou um espetáculo político. Mas até mesmo uma boa produção comercial pode transmitir ideias interessantes e nos levar a sentir fortes emoções. Infelizmente, muitas vezes não é isso que se tem visto nos últimos tempos.
Mas hoje tive uma bela surpresa ao assistir à peça ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’, adaptação do filme homônimo do cineasta Glauber Rocha, feita pela Cia Provisória, formada por atores da Unirio.
O espetáculo conta a história do casal sertanejo Manoel e Rosa. Eles passam por inúmeras dificuldades ao longo da trama, como a exploração latifundiária e a batalha por um pedaço de terra.
Para lutar contra essas mazelas Manoel se entrega ao fervor religioso e à vida no cangaço, vivenciando sofrimentos, vinganças e morte. Toda essa combinação de elementos remete a um Nordeste tristemente ainda real, que enfrenta todos os dias a fome, a seca, a desigualdade e o descaso dos políticos.
Por tudo isso, faço reverência à iniciativa de atores tão jovens, que souberam retratar de forma criativa e emocionante uma história já consagrada no formato filme, sem cair na repetição e no pieguismo. A peça foi apresentada por bons atores, com suas atuações entremeadas por canções (por sinal, muito bem tocadas e cantadas), iluminação eficiente, um cenário simples e bem-feito (que eu sei bem que deu muito trabalho para construir) e figurino bem trabalhado. Todos esses elementos se combinaram de uma forma especial, criando por pouco mais de uma hora um clima perfeito de Nordeste.
Acredito que com o tempo de apresentação muitos dos pontos citados serão melhorados. É natural que ao longo de várias temporadas aspectos de interpretação se aperfeiçoem e pequenas falhas sejam corrigidas. Mas sem dúvida o espetáculo está muito bom, tem ritmo, não deixa cansado, e tem nuances bem saborosas de se perceber.
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